Thursday, October 22, 2009

Etapa 7: Castro – Fonsagrada 21,8 kms

29/05










Inicio tarde, pois espero pelo café da manhã do albergue, que seria pelas 8:20, mas acabou atrasando um pouco.
O sol já está alto e começo bem a caminhada, em trilha e com sombra.
Nada de subida, caminho bastante rápido nesse trecho, mas um pouco antes de chegar em Penafuente, pego uma estrada asfaltada, com sol e sem proteção. Isso depois de mais ou menos uma hora, paro para um pequeno descanso.
Tem uma fonte com água muito fresca ao lado de uma pequena capela. Céu azul com algumas nuvens e montanhas completam a paisagem.
Após uma meia hora, molho a cabeça e parto.



A trilha continua com uma subida e depois desemboca novamente em asfalto, que o guia indica que deveria segui-la. Se via que era antigo, pois nenhuma das sinalizações correspondia. Bem, no final, depois de mais de uma hora debaixo de sol chego a El Acebo, um bar no meio do nada.
Bebo algo gelado e continuo a caminhar, agora por trilha.
Tudo seria perfeito, não fosse o sol forte. Chego a Fonfria, logo após um pedaço de estrada asfaltada.
Infelizmente já tinha ultrapassado uma fonte para reabastecer e por sorte, um senhor que estava na roça foi gentil e me encheu o cantil.
O caminho continua no sol ao lado de uma rodovia. Parece que não vai acabar mais.
Um pouco antes de Fonsagrada havia duas rotas...
Qual pegar? No guia dizia que uma iria diretamente ao albergue, que era mais para frente do pueblo, mas que valia a pena passar por ele.
Bom, escolho um. Uma bela subida...
Enfim chego a Fonsagrada derretendo... Suado era pouco para definir o meu estado.
Encontro o grupo de senhores espanhóis que estava indo a uma famosa pulperia (restaurante especializado em polvo).

 
 

Decido ir com eles para saber onde era o tal restaurante e no fim foram bastante gentis ao me convidar para comer juntos.
O pulpo a Gallega estava soberbo, acompanhado de vinho Ribeira. Ainda comemos uns croquetes muito bons e finalizamos com torta de Orujo (um tipo de aguardente local, mas que na torta estava desaparecido).
Os senhores espanhóis, quase todos já aposentados são: Victor, Nacho, Felipe, Pedro, Adrian e Lalo.
Muito simpáticos, conversamos bastante, uns são de Salamanca, outros de Alicante, um de Bilbao e outro de Zamora.
O albergue é fora da cidade e caminhamos uns 2 kms. Converso com Pedro, que estava com dois bastões de caminhada, sofrendo bastante para caminhar. Disse-me que teria que parar por conta dos joelhos, visto que já tinha operado e retirado os meniscos. Me deu um pouco de pena, mas são coisas do caminho.
Chegando ao albergue encontro o casal italiano e começo a matraquear sobre o caminho, mas creio que são informações úteis.
Tinha bastante cama, mas o estado é meio deplorável, bem sujo. O chuveiro quebrado, mas com água quente. Resolvo as atividades diárias de um peregrino, ou seja, lavar a roupa, tomar banho.
Saio para voltar para Fonsagrada, pois queria fotografar a cidade. O calor ainda estava de rachar, embora fosse já umas 7 da noite.
Fotografo, compro viveres para o dia seguinte e vou jantar numa outra pulperia famosa da cidade, só que dessa vez como bacalhau, que estava fantástico.




Na TV do restaurante o noticiário dizia que era o dia mais quente do ano...
São 21:10, sol a pico, volto ao albergue.

Outras fotos Castro - Fonsagrada

Tuesday, October 20, 2009

Etapa 6: Berducedo – Castro 25 kms

28/05









Parto cedo, até porque o grupo espanhol acordou fazendo um belo barulho...
Sou o último de qualquer modo. O caminho começa bem, o sol está bonito e a manhã fresca.
De cara uma subida, e logo após chego em La Mesa, um vilarejo muito interessante e simpático.
Não encontro nada aberto e a minha água já tinha terminado, mesmo tendo enchido o cantil em Berducedo.
Inicia uma subida forte de 1,2 kms. Moinhos de vento modernos fazem a paisagem.



Se subir pode parecer uma coisa ruim, me esperava uma descida de 9 kms...
No entanto estou confiante e com gana. Desço rápido com uma vontade que nem me conheço. A paisagem é linda.
Não topo com ninguém e acho estranho, pois com a minha velocidade já teria encontrado o grupo catalão.
Paro apenas uma vez para tomar água e comer pão e queijo que tinham sobrado do dia anterior.
Continuo e avisto um rio lá embaixo, a descida vai até o ‘embalse’ (represa) que é muito sugestivo. O calor começa a me desgastar, até porque estava sem o chapéu, que tinha perdido em algum lugar do caminho.
Atravessada a barragem inicia outra subida forte, só que dessa vez por estrada asfaltada, 4 kms...



A água havia terminado e com o calor a situação começava a endurecer. Continuo a não ver ninguém.
Depois de uma parte por caminho (uns 2 kms de trilha) chego a Grandas de Salime, tudo fechado.
Encontro o grupo catalão num bar da cidade. Não me parecem cansados, visto a minha situação ...
No bar pergunto por comida, mas nada, somente sanduíches.
Peço informações do albergue e a balconista me diz que está em um estado de miséria. Decido esperar e seguir para Castro, que estava a 5 kms mais adiante.
A garota do bar me diz que seria melhor telefonar para reservar, pois o albergue era particular. Para um peregrino, reservar um leito não é nada agradável, mas dada a situação eu não tinha muita escolha.
Espero mais um pouco para sair, pois o calor estava muito forte, nisso abrem as lojas e aproveito para comprar um chapéu para o sol (um tanto cafona, mas necessário) e um lenço para o pescoço.










Os últimos 5 kms são bastante cansativos, mas chego a Castro e encontro Tommaso e Fabiana, o casal italiano.
O albergue é bem ajeitado, é de peregrinos, mas com um certo luxo, como toalha e lençóis. Os outros peregrinos espanhóis estão por lá.
Depois de um bom banho e fazer a barba faço uma caminhada pelo pueblo.
Além de uma pequena capela (com uma característica um tanto diferente, mas comum em toda a região) descubro um sitio arqueológico de um antigo castro romano.
Uma colônia com datas de 800 a.C. Os romanos estavam bastante nessa zona devido à quantidade de ouro, como tinha notado na etapa do dia anterior.



Nesse exato momento estou escrevendo sentado debaixo de uma sombra de árvore, com um vento refrescante, pássaros cantando e uma vista do castro e montanhas ao longe.
Retorno ao albergue, passando pelo pueblo, que deve ter umas 15 casas no máximo.
A noite foi tranqüila, apesar dos roncos do companheiro peregrino de quarto. Nem com tapa ouvido, que serviu somente para suavizar o barulho, pelo menos...

Outras fotos Berducedo - Castro

Continuando após um longo intervalo

Gostaria de me desculpar com os meus leitores depois de tanto tempo sem escrever sobre o caminho.
São coisas difíceis de explicar, um pouco de falta de tempo, um pouco de marasmo...
Mas vamos lá, retomo o rumo do caminho, que ainda tem muito o que contar!