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Thursday, February 4, 2010

Etapa 12: Melide – Arca 31 kms

03/06








Dormi bem e acordei cedo.
É a primeira vez que consigo sair antes das 8 horas: 7:15.
O dia está com neblina, ótimo para caminhar, mais fresco.
Começo com uma vontade fora do comum. Será porque estou no caminho Francês?
Uma coisa é certa, já trombei com muito mais peregrinos do que qualquer outro dia do caminho primitivo.
Isso me deu muito mais ânimo. O caminho foi legal, mas tenho a sensação de que faltou algo. Continuo a caminhar com vontade. Paro para tomar um café com leite, que me dá uma bela força.
Passo numa fonte na saída de Melide e me lembro dela de algum outro caminho.



Chego a Ribadiso de Baixo, lugar especial de outros caminhos (principalmente o de 1999) e que continua com o seu fascínio. Pena estar somente de passagem, o local está vazio, pois é bem cedo.
Faço fotos... Recordações de 1999: foi ali que eu e mais outros peregrinos reencontramos o resto do grupo, que havia se separado e nós, depois de um esforço incrível (3 ou 4 etapas seguidas de mais de 30 kms) alcançamos a turma para poder chegar juntos em Santiago.
Sigo, o dia fica nublado, ótimo. Muitos peregrinos.



Ribadiso de Baixo

Encontro Tommaso e Fabiana (o casal italiano). Caminhamos e almoçamos juntos. Peregrinos passam enquanto comemos.
Caminho mais veloz. Paramos para um café e como de costume matraqueio com o pessoal do bar.
Os italianos seguem. Eu continuo no bar e compro uma concha.
Sigo com uma força que nem me reconheço. Quero caminhar o mais rápido que posso.










Vejo um peregrino parado cheirando uma rosa. Tenho a impressão que tem pelo menos a minha idade.
Enquanto passava perto dele, me faz um sinal para parar e sentir o cheiro da flor. Percebo que é francês. E não sei, vejo que ele está com um olhar distante, como que alterado pelo caminho. Não sei se é somente uma impressão minha ou se é realmente o caminho francês que é mesmo diferente. De qualquer forma me senti mal por estar caminhando tão rápido e perder detalhes como o perfume das rosas.
Converso com outros peregrinos. Lembro-me dos pinhais daquela região.
Passo pelo marco onde tem uma placa em homenagem a um peregrino que morreu pelo caminho em 93, Guillermo Watt, ali também tem a copia em bronze das suas botas. Lembrei-me que o meu amigo Jose (de 99) tinha comentado comigo que o tinha visto cair bem à sua frente.











Placa em homenagem a
peregrino morto no caminho

Chego finalmente em Arca, o albergue está cheio. Reencontro os italianos, que me convidam para jantar. Aceito e compro a sobremesa em um lugar perto dali.
O albergue tem lavadora e secadora, um luxo e aproveito a ocasião. Na cozinha encontro duas bonitas alemãs que tentavam cozinhar spaghetti, mas muito sem jeito. Fabiana se mete e fala para elas que está tudo errado, pois metade da pasta estava fora da panela (não ia cozinhar nunca!) e coloca o resto para dentro. Fico um pouco ali, mas elas não parecem interessadas em conversar.
O jantar foi bem família.
Sinto a falta de ter feito o caminho Francês. Mas paciência, cada caminho é uma experiência válida.
Amanhã 20 kms me separam de Santiago, que sensação terei quando chegar?




Outras fotos Melide - Arca

Tuesday, December 8, 2009

Etapa 11: San Roman de Retorta - Melide 30 kms

02/06






A jornada deverá ser dura até Melide, são 30 kms. A meteorologia promete 35°C.
Cuido de uma bolha da Fabiana. Eles ficam agradecidos, mas na verdade não fiz nada. Eles não tinham a experiência e os materiais necessários.
Eles saem primeiro, eu fico mais um pouco para preparar os sanduíches para o caminho.
São 8 da manhã e tem muita neblina, que ajuda a fazer da paisagem uma coisa bem misteriosa. Fotografo sem dúvida.





Paro em Ponte Ferreira, com uma antiga ponte romana, pelas 10:15.
Muitas subidas e descidas, mas a temperatura está agradável. Na altura de Merlan deixo passar um sinal do caminho...
E fui perceber que estava no caminho errado somente 3 kms depois... O que me significaram 6 de penalização. E o problema seria enfrentar o calor.
É já meio dia e o sol escaldando. Caminho até umas 13:30. Não parei, passo por paisagens lindas, com um antigo hospital de peregrinos no alto de uma montanha. Continuo, faço uma curva para começar a descida e uma garota de uns 25 a 30 anos que estava na porta de sua casa me pergunta se quero água, café ou algo. Chama-se Mapi, ou Maria Pilar.
Ela me convida para entrar, fico meio indeciso, mas o cansaço e a sede falaram mais alto.
Mapi é muito simpática, e tem seis cachorros! E vivem todos dentro da casa. Ela começa a me contar que havia decidido mudar de vida e comprado aquela casa havia 3 anos, depois de fazer o caminho de Santiago.
Me fez lembrar o Arroyo Sambol ou mesmo Manjarin, lugares especiais e meio loucos do caminho francês.
E incrivelmente ela me diz que tinha sido hospitaleira em Sambol...
Conversamos bastante e tomo o habitual Kas de Limon. Ela me fala que aprende violino e que conhece o calendário maia.



Para sobreviver ela faz artesanato e vende aos peregrinos que passam. Me pareceu um bicho grilo, mas vejo que tem a cabeça no lugar. Deixo uns 5 euros de donativo.
Nos despedimos num abraço caloroso. Retomo a caminhada e são passadas 3 da tarde... o que significa que tinha ficado mais de uma hora e meia falando com ela.
O sol piora e não tinha comido nada, tirando a laranja na ponte romana. Vou começando a perder as forças e ainda me faltam uns 14 kms. Paro para comer e repor energias lá pelas 16:00.
Mas o estrago já estava feito com o atraso e o calor. Parece que Melide não chega nunca, mas afinal chego debaixo de um sol terrível e por um caminho mais longo que o francês.
São 18:15 e estou em estado piedoso, mais de 10 horas de caminhada e afinal 36 kms com o desvio.
Estou tão cansado que começo a reconsiderar os meus planos. Penso em não fazer os 30 kms de amanhã e saltar Finisterre. Mas vamos ver.
Nem lavo as roupas. Saio para rever a cidade e ir comer o famoso pulpo do Ezequiel (famosa pulperia, onde sempre havia comido nos outros caminhos). Janto junto com o casal italiano.
E o polvo não me decepciona, está tão bom quanto no passado, embora o restaurante estava bem diferente, renovado e maior.
Conversamos e acompanhamos a festa de uns peregrinos espanhóis que estavam numa outra mesa.
Saímos do restaurante e tomamos um café e orujo. Amanhã será outro dia... até Santa Irene, que está somente a 23 kms de Santiago.










Outras fotos San Roman Melide